Lá no mundo mágico de M. C. Escher…

Existem coisas boas na vida que são de graça, tipo a exposição do Escher no Centro Cultural do Banco do Brasil, em São Paulo.  Se você não viu, é uma pena, porque acabou dia 17 de julho.  Não vou dar dicas quanto ao lugar e o que fazer primeiro, afinal já foi e você perdeu, hahaha. Ou não.

É aquele tipo de exposição em que se fica uns bons minutos observando uma única obra, tenta-se desvendar alguns mistérios que por vezes não possuem solução e seu pensamento vai longe, principalmente quando você se imagina andando por aquele chão que de repente vira parede.

Para mim, uma das coisas mais interessantes nas obras do Escher é a união da matemática com a arte. Não gosto de matemática, mas ela fica magicamente enigmática nas obras dele, o que as torna marcantes e originais.

Quem não lembra de pelo menos uma obra de Escher, é porque definitivamente não viu nenhuma. Pois não é à toa que M. C. Escher é um dos artistas mais populares da atualidade. A natureza retratada geometricamente, a perfeição de seu traço, as construções impossíveis e a ilusão de ótica fazem de suas obras peças muito peculiares.

Mais legal do que poder ver algo original, é poder interagir e participar da obra, como na sala da relatividade, exposta logo na entrada:

Olhando de frente, é impossível notar que um dos lados é ligeiramente mais fundo que o outro (coisa que nem pensei na hora e só fui notar lá do andar de cima, olhando para o telhado da sala). O chão é inclinado para esquerda e com uma mini janelinha à frente da obra, que “corta a imagem”, pode-se posicionar a câmera e tirar uma foto, dando a impressão de que uma pessoa é maior do que a outra. Vai dizer que esse efeito “Alice no país das maravilhas” não é demais?

Logo de cara também tem uma outra obra muito interessante, que é “O olho mágico”. Muito bonita, esta obra é apenas uma das quais o artista faz um jogo de espelho, possibilitando observar de diferentes ângulos e enxergar de várias formas a mesma coisa.

Além da geometria, Escher também utiliza muito bem os conceitos de infinito e repetição, profundidade e bi/tridimensionalidade. Todos esses conceitos desafiam a mente humana e trazem paradoxos. Particularmente falando, prefiro ser instigada a pensar, do que somente contemplar algo e essa amplitude de possibilidades nas obras do Escher as torna mais humanas, quase que vivas e em movimento, como se fossem pular do papel a qualquer momento.

A obra “menor e menor” retrata bem o conceito de repetição, através da forma do lagarto e de infinito, ironicamente terminado pelo limite do papel, porém contínuo na imaginação de cada um.

A obra “Drawing hands” é também um bom exemplo, traz simplicidade e ao mesmo tempo o detalhamento da pele e das unhas, bidimensionalidade e paradoxalmente uma mão que desenha outra. Afinal, é uma mesma pessoa que sabe desenhar com as duas mãos ou serão duas pessoas diferentes se desenhando? É mais fácil responder que é Escher querendo nos confundir, desenhando duas mãos que saem de um único papel…enfim…são aqueles minutos que ficamos em frente a obra, admirando…

Ele utiliza duas principais técnicas em suas gravuras, a litografia (reprodução da gravura, em alto relevo em pedra, no papel) e xilogravura (reprodução da gravura entalhada em madeira no papel). Isso faz com que seja ainda mais impressionante, pois como se não bastasse a perfeição dos desenhos, alguns deles foram antes entalhadas em madeira, o que torna o trabalho ainda mais minucioso.

Poderia falar sobre as técnicas utilizadas por ele, mas como não manjo nada  prefiro me limitar às minhas próprias impressões, *rs.

A exposição trouxe um quarto com os objetos todos prateados, como se fosse o quarto em que Escher estava na obra “Mão com esfera refletora”, havia uma cadeira e a esfera espelhada. Os visitantes puderam vivenciar a obra, tocar na esfera e observar a imagem da própria mão refletida…

Para encerrar a viagem no mundo de Escher, tudo bem que isso não foi nem um terço da exposição, foi só pra dar um gostinho foi exibido um filme 3D, no qual era possível viajar pelas obras do artista. O filminho foi bem feito, desde a locução às imagens, por 8 minutos proporcionou a atmosfera maluca das obras e trouxe algumas explicações para as ilusões de ótica. No filme, as obras foram desmontadas e era possível visualizar suas 3 dimensões, mostrando que apenas o ângulo que Escher desenhou é que deixa tudo impossível.

Tudo terminou com um cafézinho e aquele pensamento moderno inconstante e ambicioso de que nada é impossível nessa vida.

🙂